RESUMO
A tese analisa a concepção de modo de produção proposta por Ignácio Rangel para, a partir dela, destacar a dimensão política de seu pensamento. A categoria modo de produção seria nuclearmente política porque os modos de produção classistas assentam na apropriação pela classe dominante do fator de produção (mão-de-obra, terra ou capital) que, em cada um deles, desempenha papel estratégico para a dominação sociopolítica. Ora, a propriedade, com o que nela se subentende de expropriação das classes dominadas, revela-se, em si mesma, uma questão eminentemente política. Apropriação/expropriação e classes constituem, portanto, o núcleo político do pensamento de Ignácio Rangel. A esses dois elementos se soma, contudo, o elemento institucional, pois a apropriação/expropriação politicamente relevante exige instituições apropriadas à situação histórica e ao fator de produção estratégico. A partir dessa base conceitual, a tese recupera a periodização da história do Brasil como uma sucessão de modos de produção concretos (e complexos), que Rangel chama de dualidades brasileiras, formados pela combinação de modos de produção fundamentais, para mostrar como, em cada uma das dualidades, apropriação/expropriação, classes, coalizões de classes e instituições se articulam de maneira teoricamente sofisticada.